ESTUDO
DE CASO: CASO ROBERTO
Etapa 1 - Apresentação do
problema:
Roberto tem 13 anos de idade, está no 4º ano do Ensino
Fundamental, apresenta deficiência intelectual e leve deformidade em seu
crânio. Ele mora em uma instituição para crianças e adolescentes que são
órfãos.
Em sala de aula, demonstra
agitação constante no comportamento, falta de concentração, atitude essa que
oscila com o interesse nas atividades, especialmente naquelas voltadas para os
jogos, demonstrando compreender as regras, utilizando-as satisfatoriamente. Por
vezes, foge sempre de sala de aula.
No que se refere à
motricidade ampla, Roberto apresenta dificuldade na marcha e anda sem flexionar os
joelhos; já na motricidade fina, embora tente copiar seu nome, apresenta
dificuldades gráficas no traçado e no desenho.
Quanto
à linguagem oral o aluno articula-se bem, e demonstra certa facilidade em se
expressar e compreender o que lhe é solicitado. Com relação a linguagem escrita
Roberto encontra-se no nível pré-silábico, realizando o traçado de algumas
letras de seu nome.
Apresenta um bom relacionamento com professores e colegas,
especialmente, dois que moram na mesma instituição e que Roberto os chamam de irmãos.
Etapa
2 – Esclarecimento do problema
Mediante o problema que se apresenta, Roberto tem
dificuldades de ordem cognitiva quanto ao processo de aprendizagem, mais
especificamente na alfabetização, na motricidade ampla e fina e no envolvimento
e interesse com as atividades escolares. Para tanto, torna-se relevante
esclarecer alguns pontos:
·
Quais as potencialidades de Roberto?
·
Qual a natureza da sua dificuldade motora?
·
Como o aluno se expressa graficamente? Que símbolos ele utiliza
para representar sua escrita?
·
Que situações ele demonstra interesse e inquietação?
·
Que recursos Roberto necessita a fim de melhorar a sua coordenação
motora fina?
·
Que estratégias a
professora pode fazer uso para melhorar o envolvimento de Roberto nas
atividades?
Encontro
com os profissionais da instituição onde Roberto reside
Em conversa com a
assistente social da instituição, esta relatou que Roberto chegou ainda bebê,
sendo sua infância um período descrito por muitos problemas de saúde e
comportamento, apresentava-se como uma criança retraída e que chorava muito.
Com o tempo, Roberto tornou-se um adolescente mais sociável, possuindo amigos,
alguns inclusive que ele os considera como irmãos. Apesar do seu comportamento
inquieto, a assistente ressalta o seu interesse por jogos, a convivência com os
outros profissionais da instituição ainda é conturbada, o jovem se nega a
ajudar nos serviços domésticos quando é solicitado.
Com relação a sua vida escolar, Roberto freqüentou uma
classe especial até os nove anos de idade, onde foi observada uma significativa
regressão no seu comportamento, nunca freqüentou quaisquer atendimentos
clínicos ou educacionais.
Aos dez anos ingressa no primeiro ano do ensino regular,
sendo ele promovido e permanecendo na escola até o terceiro ano, seus
professores nunca demonstraram preocupação com sua aprendizagem, uma vez que declaravam
que o mais importante era a socialização, segundo a profissional, o aluno nunca
demonstrou interesse pelas atividades, assumindo sempre uma atitude de
rejeição. A partir do quarto ano e com a mudança de escola, Roberto passa a
freqüentar o AEE.
Encontro
com a professora de Roberto
Em
entrevista com a professora de sala de aula regular, esta relatou que o aluno
quase nunca atende às suas orientações nas atividades, demonstrando falta de
interesse por atividades que envolvam a leitura e a escrita.
Segundo
a docente, Roberto apresenta um comportamento impulsivo, frequentemente
abandona a realização das atividades propostas, tem dificuldades para iniciar
as atividades, parecendo não compreender o que está sendo solicitado.
Levantamos a questão: que outras estratégias de ensino poderiam a professora
estar lançando mão para fazer com que o aluno compreenda o que está sendo
pedido na atividade?
Mediante
o seu problema motor, o que a professora poderia estar fazendo para ajudar o
aluno na apreensão do lápis? Uma vez que a dificuldade em segurar o instrumento
ocasiona um comprometimento nas atividades que envolvem o traçado do desenho e
da escrita.
De
acordo com a professora, o aluno regularmente solicita a sua mediação e a dos
colegas na realização das atividades, mas como é realizada essa ajuda?
Mencionou-se que Roberto circula frequentemente pela sala, fato esse que
interfere na concentração dos seus colegas, será que não seria o momento de
construir e/ou retomar os combinados do grupo para a boa convivência social?
Observações
do aluno em sala de aula e nas dependências da escola
Ao
observar Roberto em sala de aula, foram constatados, pela professora do AEE, os
comportamentos anteriormente descritos pela docente de sala de aula regular,
todavia a falta de interesse e até mesmo a agitação do aluno podem ser
ocasionadas pela atitude passivo da professora, uma vez que foi observada uma
falta de preocupação com as capacidades e limitações do aluno no que diz
respeito à elaboração das atividades propostas para o grupo, acreditamos seria
o momento de fazer uma sensibilização com a equipe escolar da escola acerca da
inclusão e a professora do AEE poderia fornecer orientações acerca da
elaboração de atividades para esse aluno.
Nas
atividades que envolvem a escrita e dada a dificuldade do aluno em segurar o
lápis, qual a atitude da docente mediante esse fato? Que tipo de adaptação
poderia estar pensando para minimizar esse problema? Uma vez que essa
dificuldade ocasiona uma desistência na realização das atividades pelo aluno.
Com
relação às atividades esportivas, que outros jogos, brincadeiras, atividades
poderia o professor de Educação Física estar buscando a fim de permitir a plena
participação de Roberto? O que este professor faz com relação à vontade desse aluno
de participar do futebol?
Avaliações
na sala de recursos multifuncionais
A professora do AEE realizou uma série de avaliações com
o aluno. No que diz respeito a sua
escrita, observou-se que o aluno a representa através de traçados que se
assemelham às letras, apresenta um repertorio de letras bastante limitadas,
apenas restringindo-se as letras que compõe o seu nome.
No que compete a motricidade, atividades de desenho e
escrita espontânea são tomadas com resistência pelo aluno, dada a sua dificuldade
de apreensão, preferindo, o aluno as atividades de modelagem e pintura livre,
pois os instrumentos são mais fáceis de manusear.
Sua linguagem é bem articulada, apresentando coerência na
organização da suas idéias, possui um bom vocabulário conseguindo ele se
expressar e ser compreendido.
Acrescentaríamos uma avaliação no que diz respeito a sua
compreensão aos aspectos lógico-matemáticos, sua concepção de número,
classificação e seriação, bem como situações envolvendo as operações
fundamentais.
Etapa
3 – identificação da natureza do problema
Dada a coleta de todas as informações necessárias ao
conhecimento do aluno, permitiu-se compreender, por parte da professora de AEE,
que o aluno apresenta comprometimento relacionado ao seu desenvolvimento intelectual.
Apresenta boa comunicação com os colegas e professora e grande habilidades para
os jogos de regras, no entanto, a sua falta de atenção pode estar relacionada à
sua dificuldade de compreensão das regras estabelecidas pelo grupo ou
dificuldades de adaptação a rotina de sala de aula, acrescentaríamos a esse
aspecto também a atitude passiva da professora de sala de aula.
Roberto apresenta uma maior habilidade no que diz
respeito aos aspectos matemáticos do que na linguagem escrita, todavia seu
conceito de número e classificação ainda está sendo construídos.
O aluno ainda necessita de ajuda no tocante a realização
das atividades, porém demonstra dificuldades de atenção e concentração durante
a realização destas, o fato de não as concluírem provoca irritação na
professora.
Por sua saúde ser fragilizada, adoece com freqüência. O
fato de ausentar-se da escola constantemente ocasiona um comprometimento na sua
aprendizagem.
Etapa
4: - Resolução do problema
Como
meio para buscar solucionar a natureza do problema de Roberto, de ordem
cognitiva e motora, deve-se estabelecer parcerias com os professores de Roberto
e colegas e funcionários da instituição em que mora e da escola para que juntos
com a professora do AEE possibilitar ações e dessa forma aproveitar as
potencialidades de Roberto, ao mesmo tempo, propor desafios para que o avanços
aconteçam nos aspectos mencionados anteriormente.
Conversar
com os professores: pedagoga, professor de Educação Física, Artes e Ensino
Religioso para fazer um trabalho de reflexão em sala de aula no que se refere
ao respeito ás diferenças e assim possibilitar a participação de Roberto em
todas as atividades propostas
Demonstrar
a esses professores o papel importante das áreas de conhecimento para
proporcionar a aprendizagem do aluno, pois as aulas de Educação Física o
beneficiarão no desenvolvimento da motricidade ampla e fina e interação no
momento dos esportes, nas aulas de artes as atividades podem ajudar a minimizar
o problema em sua motricidade fina e nas demais disciplinas também possibilitar
trabalhos em grupos para promover o estabelecimento de interação e aprendizado
com os colegas.
Em
seu lar, na instituição em que mora, fazer um trabalho reflexivo com os
funcionários e colegas e/ou irmãos para ajudar Roberto a ser mais autônomo,
inclusive para respeitar as regras, com responsabilidades de acordo com a sua
idade.
Para
facilitar o processo de ensino-aprendizagem de Roberto o AEE deve adequar
materiais de acordo com a tecnologia assistiva, como por exemplo os lápis
utilizados pelo aluno, realizar atividades no computador adaptado ás suas
necessidades, disponibilizando-o em sala de aula, quando necessário, desenvolver
habilidades, tais como: atenção, memória e raciocínio lógico, através de jogos.
Parabéns pela exposição do estudo de caso em uma linguagem acessível. Vai contribuir muito para minha prática
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