sábado, 22 de junho de 2013

ESTUDO DE CASO PARA O AEE



ESTUDO DE CASO: CASO ROBERTO


Etapa 1 - Apresentação do problema:

Roberto tem 13 anos de idade, está no 4º ano do Ensino Fundamental, apresenta deficiência intelectual e leve deformidade em seu crânio. Ele mora em uma instituição para crianças e adolescentes que são órfãos.
 Em sala de aula, demonstra agitação constante no comportamento, falta de concentração, atitude essa que oscila com o interesse nas atividades, especialmente naquelas voltadas para os jogos, demonstrando compreender as regras, utilizando-as satisfatoriamente. Por vezes, foge sempre de sala de aula.
No que se refere à motricidade ampla, Roberto apresenta dificuldade na marcha e anda sem flexionar os joelhos; já na motricidade fina, embora tente copiar seu nome, apresenta dificuldades gráficas no traçado e no desenho.
Quanto à linguagem oral o aluno articula-se bem, e demonstra certa facilidade em se expressar e compreender o que lhe é solicitado. Com relação a linguagem escrita Roberto encontra-se no nível pré-silábico, realizando o traçado de algumas letras de seu nome.
Apresenta um bom relacionamento com professores e colegas, especialmente, dois que moram na mesma instituição e que Roberto os chamam de  irmãos. 

Etapa 2 – Esclarecimento do problema

 Mediante o problema que se apresenta, Roberto tem dificuldades de ordem cognitiva quanto ao processo de aprendizagem, mais especificamente na alfabetização, na motricidade ampla e fina e no envolvimento e interesse com as atividades escolares. Para tanto, torna-se relevante esclarecer alguns pontos:
·         Quais as potencialidades de Roberto?
·         Qual a natureza da sua dificuldade motora?
·         Como o aluno se expressa graficamente? Que símbolos ele utiliza para representar sua escrita?
·         Que situações ele demonstra interesse e inquietação?
·         Que recursos Roberto necessita a fim de melhorar a sua coordenação motora fina?
·          Que estratégias a professora pode fazer uso para melhorar o envolvimento de Roberto nas atividades?

Encontro com os profissionais da instituição onde Roberto reside

            Em conversa com a assistente social da instituição, esta relatou que Roberto chegou ainda bebê, sendo sua infância um período descrito por muitos problemas de saúde e comportamento, apresentava-se como uma criança retraída e que chorava muito. Com o tempo, Roberto tornou-se um adolescente mais sociável, possuindo amigos, alguns inclusive que ele os considera como irmãos. Apesar do seu comportamento inquieto, a assistente ressalta o seu interesse por jogos, a convivência com os outros profissionais da instituição ainda é conturbada, o jovem se nega a ajudar nos serviços domésticos quando é solicitado.
            Com relação a sua vida escolar, Roberto freqüentou uma classe especial até os nove anos de idade, onde foi observada uma significativa regressão no seu comportamento, nunca freqüentou quaisquer atendimentos clínicos ou educacionais.
            Aos dez anos ingressa no primeiro ano do ensino regular, sendo ele promovido e permanecendo na escola até o terceiro ano, seus professores nunca demonstraram preocupação com sua aprendizagem, uma vez que declaravam que o mais importante era a socialização, segundo a profissional, o aluno nunca demonstrou interesse pelas atividades, assumindo sempre uma atitude de rejeição. A partir do quarto ano e com a mudança de escola, Roberto passa a freqüentar o AEE.




Encontro com a professora de Roberto

Em entrevista com a professora de sala de aula regular, esta relatou que o aluno quase nunca atende às suas orientações nas atividades, demonstrando falta de interesse por atividades que envolvam a leitura e a escrita.
Segundo a docente, Roberto apresenta um comportamento impulsivo, frequentemente abandona a realização das atividades propostas, tem dificuldades para iniciar as atividades, parecendo não compreender o que está sendo solicitado. Levantamos a questão: que outras estratégias de ensino poderiam a professora estar lançando mão para fazer com que o aluno compreenda o que está sendo pedido na atividade?
Mediante o seu problema motor, o que a professora poderia estar fazendo para ajudar o aluno na apreensão do lápis? Uma vez que a dificuldade em segurar o instrumento ocasiona um comprometimento nas atividades que envolvem o traçado do desenho e da escrita.
De acordo com a professora, o aluno regularmente solicita a sua mediação e a dos colegas na realização das atividades, mas como é realizada essa ajuda? Mencionou-se que Roberto circula frequentemente pela sala, fato esse que interfere na concentração dos seus colegas, será que não seria o momento de construir e/ou retomar os combinados do grupo para a boa convivência social?

Observações do aluno em sala de aula e nas dependências da escola

Ao observar Roberto em sala de aula, foram constatados, pela professora do AEE, os comportamentos anteriormente descritos pela docente de sala de aula regular, todavia a falta de interesse e até mesmo a agitação do aluno podem ser ocasionadas pela atitude passivo da professora, uma vez que foi observada uma falta de preocupação com as capacidades e limitações do aluno no que diz respeito à elaboração das atividades propostas para o grupo, acreditamos seria o momento de fazer uma sensibilização com a equipe escolar da escola acerca da inclusão e a professora do AEE poderia fornecer orientações acerca da elaboração de atividades para esse aluno.
Nas atividades que envolvem a escrita e dada a dificuldade do aluno em segurar o lápis, qual a atitude da docente mediante esse fato? Que tipo de adaptação poderia estar pensando para minimizar esse problema? Uma vez que essa dificuldade ocasiona uma desistência na realização das atividades pelo aluno.
Com relação às atividades esportivas, que outros jogos, brincadeiras, atividades poderia o professor de Educação Física estar buscando a fim de permitir a plena participação de Roberto? O que este professor faz com relação à vontade desse aluno de participar do futebol?

Avaliações na sala de recursos multifuncionais

            A professora do AEE realizou uma série de avaliações com o aluno.  No que diz respeito a sua escrita, observou-se que o aluno a representa através de traçados que se assemelham às letras, apresenta um repertorio de letras bastante limitadas, apenas restringindo-se as letras que compõe o seu nome.
            No que compete a motricidade, atividades de desenho e escrita espontânea são tomadas com resistência pelo aluno, dada a sua dificuldade de apreensão, preferindo, o aluno as atividades de modelagem e pintura livre, pois os instrumentos são mais fáceis de manusear.
            Sua linguagem é bem articulada, apresentando coerência na organização da suas idéias, possui um bom vocabulário conseguindo ele se expressar e ser compreendido.
            Acrescentaríamos uma avaliação no que diz respeito a sua compreensão aos aspectos lógico-matemáticos, sua concepção de número, classificação e seriação, bem como situações envolvendo as operações fundamentais.
           
Etapa 3 – identificação da natureza do problema

            Dada a coleta de todas as informações necessárias ao conhecimento do aluno, permitiu-se compreender, por parte da professora de AEE, que o aluno apresenta comprometimento relacionado ao seu desenvolvimento intelectual. Apresenta boa comunicação com os colegas e professora e grande habilidades para os jogos de regras, no entanto, a sua falta de atenção pode estar relacionada à sua dificuldade de compreensão das regras estabelecidas pelo grupo ou dificuldades de adaptação a rotina de sala de aula, acrescentaríamos a esse aspecto também a atitude passiva da professora de sala de aula.
            Roberto apresenta uma maior habilidade no que diz respeito aos aspectos matemáticos do que na linguagem escrita, todavia seu conceito de número e classificação ainda está sendo construídos.
            O aluno ainda necessita de ajuda no tocante a realização das atividades, porém demonstra dificuldades de atenção e concentração durante a realização destas, o fato de não as concluírem provoca irritação na professora.
            Por sua saúde ser fragilizada, adoece com freqüência. O fato de ausentar-se da escola constantemente ocasiona um comprometimento na sua aprendizagem.

Etapa 4: - Resolução do problema

Como meio para buscar solucionar a natureza do problema de Roberto, de ordem cognitiva e motora, deve-se estabelecer parcerias com os professores de Roberto e colegas e funcionários da instituição em que mora e da escola para que juntos com a professora do AEE possibilitar ações e dessa forma aproveitar as potencialidades de Roberto, ao mesmo tempo, propor desafios para que o avanços aconteçam nos aspectos mencionados anteriormente.
Conversar com os professores: pedagoga, professor de Educação Física, Artes e Ensino Religioso para fazer um trabalho de reflexão em sala de aula no que se refere ao respeito ás diferenças e assim possibilitar a participação de Roberto em todas as atividades propostas
Demonstrar a esses professores o papel importante das áreas de conhecimento para proporcionar a aprendizagem do aluno, pois as aulas de Educação Física o beneficiarão no desenvolvimento da motricidade ampla e fina e interação no momento dos esportes, nas aulas de artes as atividades podem ajudar a minimizar o problema em sua motricidade fina e nas demais disciplinas também possibilitar trabalhos em grupos para promover o estabelecimento de interação e aprendizado com os colegas.
Em seu lar, na instituição em que mora, fazer um trabalho reflexivo com os funcionários e colegas e/ou irmãos para ajudar Roberto a ser mais autônomo, inclusive para respeitar as regras, com responsabilidades de acordo com a sua idade.

Para facilitar o processo de ensino-aprendizagem de Roberto o AEE deve adequar materiais de acordo com a tecnologia assistiva, como por exemplo os lápis utilizados pelo aluno, realizar atividades no computador adaptado ás suas necessidades, disponibilizando-o em sala de aula, quando necessário, desenvolver habilidades, tais como: atenção, memória e raciocínio lógico, através de jogos.

Um comentário:

  1. Parabéns pela exposição do estudo de caso em uma linguagem acessível. Vai contribuir muito para minha prática

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